domingo, 20 de março de 2011

A Flor NO Deserto....



A FLOR NO DESERTO

                Trechos da vida,  narrados por uma flor que estava no deserto:

                Não sei quando e nem como vim parar no deserto.
                A única coisa que sei é que não nasci para estar aqui, e que este lugar têm aos poucos tirado todas as minhas forças.
                O Sol, que é reverenciado por tantos outros seres vivos, têm se tornado meu inimigo.
                Dia após dia, a intensidade da luz do Sol vem com tanta força que retira minhas energias, sinto o seu calor cobrindo cada milímitro das fibras das minhas pétalas, me sinto fraca.
                O caule está sem força, parece estar curvando, estou murchando, perdendo a cor, o brilho, a vida....
Durante as noites escuras e gélidas, lembro que poderia estar em uma estufa, sendo protegida e aquecida.
Os meus dias estão contados, sei que as chances estão diminuindo, talvez eu morra aqui.
Não entendo.....o deserto e eu, somos diferentes: ele foi criado para criaturas que se adaptam ao seu ambiente, eu fui criada para habitar um belo jardim, mas onde estará o Jardineiro?
Repararam no que eu disse?
_ Eu fui criada para habitar um belo jardim.
Eu sou uma flor, uma flor NO deserto e não uma flor DO deserto....

Passaram-se alguns dias e a flor relata o que aconteceu:

Estava eu na primeira parte de uma tarde com Sol escaldante, lembro-me que pensava ser aquele o meu último dia de vida, quando  de repente olhei e vi um cavalheiro se aproximando. Ele parou, olhou, desceu do animal, pegou um cantil e regou-me.
Que sensação indescritível: a água fria sobre minhas pétalas, minhas raízes fracas vibraram, sentia um alívio, um refrigério, sentia que a esperança poderia ter chegado, de tão feliz e descansada adormeci.
Quando acordei percebi que estava em um lugar lindo, olhando para o lado reconheci aquele nobre cavaleiro que tão carinhosamente regou minhas pétalas, me renovou as esperanças.
Ele estava um pouco distante conversando com outra flor, de alguma outra espécie, naquele momento ele retirava alguns insetos que tentavam perturbar minha semelhante. Parei, olhei com cuidado e percebi, dezenas, centenas, talvez milhares de flores ao meu redor. Flores das mais diferentes cores, tamanhos e espécies, percebi, estava em um belo jardim, aquele homem era o tão esperado Jardineiro.
Ele caminhou até mim, olhou e disse:
_ Como uma flor tão bonita estava abandonada naquele deserto, que bom saber que você foi forte, resistiu e continua sendo linda, agora mais que nunca....e aquele pobre deserto ficará lá, distante e solitário e agora sem nenhuma beleza.
Naquele momento percebi algo que ainda não havia passado por minha mente:
Eu vivi no deserto, fiz parte daquela paisagem, mas eu sobrevivi, eu jamais deixei de ser uma flor. Eu era talvez a única beleza daquele lugar, ele não destruiu os meus sonhos, eu sonhava com o Jardineiro.
O deserto poderia ter me matado, eu admito, mas ele jamais conseguiria roubar ou matar a minha identidade, eu sempre fui uma flor. Sempre terei beleza, perfume, serei admirada...
Aqui no jardim existem alguns insetos que estão me incomodando, mas aqui eu tenho o Jardineiro que cuida de mim, não me deixa sem água, me faz estar perto das minhas semelhantes.
Hoje entendo que sou mais forte, poxa eu venci um grande deserto, poderia viver alguns dias sem água, mas jamais deixarei de ser uma flor. E agora vou fazer o possível para que o grande Jardineiro continue se orgulhando de mim, viverei para Ele........

MORAL DA HISTÓRIA:Viver no deserto não é uma tarefa fácil, mas ele não pode matar ou roubar a nossa identidade. Existe uma grande diferença entre o "ser" e o "estar". Se você  "É"alguém, o lugar onde você "está" não será o suficiente para te derrotar.

Qualquer semelhança com a realidade, talvez não seja mera coincidência.

2 Comentários

Tamy disse...

Mtoooo bom fiote!

Elisângela disse...

Obrigada querida....

Postar um comentário

Seguidores

LEIA TAMBÉM