terça-feira, 22 de novembro de 2011

Quando a gente cresce


            No último feriado (15/11) aproveitei o recesso e a carona que recebi e fui para o interior visitar minha família. Como minha carona ficou em uma cidade anterior, precisei pegar o metropolitano para seguir viagem.
            Durante o pequeno trajeto entre Astorga e Maringá passei pela Colônia Rural onde moramos, quando eu era ainda bem menina, e daí as lembranças surgiram. Por onde passava, cada olhar me vazia voltar no tempo e relembrar os bons e maus momentos vividos.
            Mas algumas coisas na paisagem local me chamaram a atenção e eu não entendi muito na hora. Havia passado por lá no feriado da Páscoa e tinha tido a mesma sensação. Depois meditando percebi o que era.
            Antes de dizer, vou relatar coisas da minha primeira infância vivida nessa região:
1 - Morávamos em uma casa de madeira, o sítio era dos italianos que viviam ali e era dividido por um curso d´água que conhecemos como Rio Pirapó. Do outro lado da propriedade onde morávamos tinha uma colina, lembro-me que subimos a colina para ir pescar na represa que tinha lá em cima. Na mesma colina fora construída uma bela e enorme casa de alvenaria, que depois de pronta foi pintada de branco e era vista de longe. Lembro-me da primeira vez que entrei nesta casa, era linda, grande, mas foi difícil chegar até lá, tínhamos que subir a colina e este trabalho era muito cansativo, já que a colina era muito alta.
2 – Para chegarmos até o asfalto tínhamos que caminhar quilômetros pelo carreador ( estrada de terra que ligava as casas até o asfalto). Quando chegávamos perto do asfalto e tinha um tempinho, aproveitávamos para jogar amarelinha no piso das ruínas da empresa que havia construído o asfalto. Ali esperávamos o ônibus para ir até a escola Rural Victor Beloti ( onde eu quero um dia lecionar, onde eu aprendi com a professora Mariê a gostar de Geografia).
3 – Em uma das propriedades existia uma garrafa gigante que chamávamos de “garrafão”, na verdade era um informe publicitário de alguma marca de bebida, algo como um outdoor. Como era grade servia também como ponto de referência. Eu nos meus seis, sete anos não entendia como poderia existir uma garrafa tão grande.
4 – Ah o Thermas, sim em Maringá tinha um clube de água termal que bombou na década de 80, foi lá que tive meu primeiro contato com águas quentes que cheiravam a ovo cozido. Foi lá que a Escola nos levou para vermos a apresentação de um golfinho ( o Flipper – não sei se é assim que se escreve). Na apresentação do golfinho os alunos menores foram, ficamos em uma arquibancada montada na beira da maior piscina, o bichinho nadava, pulava e ainda lançou para a plateia bolas (aquelas coloridas de parque de diversão), uma chegou perto de mim, mas não consegui pergar. Os tobogãs também era enormes, eu pensava: - Deve ser legal, mas eu não tenho coragem.
5 – Papai Noel, sim eu o vi. Minha mãe trabalhou anos em uma empresa que fabricava gelatina. Lá nos fins de ano, sempre tinha festa. Uma vez recebemos presentes do Papai Noel, comemos algodão-doce, cachorro quente, etc. Temos as fotos até hoje.
            Passando por lá, percebi que a casa da colina ainda está no mesmo lugar, o carreador é o mesmo, o garrafão ainda existe ( não sei se é o mesmo, mas está no mesmo local), a fábrica de Gelatina onde minha mãe trabalhou continua lá, provavelmente poluindo o Rio Pirapó, como já fazia na época, as ruínas da empresa que construiu a rodovia estão sem o piso onde jogávamos amarelinha, restam apenas as laterais de tijolos, e o Thermas, depois de ter sido fechado por anos, reabriu com outro nome, porém sem o mesmo glamour daquela época.
            A paisagem local não sofreu muitas mudanças e eu fiquei pensando: qual era o motivo de eu ter percebido coisas diferentes naquele local? Por que me chamaram tanta atenção?
            Na verdade as mudanças locais são quase imperceptíveis, mudou-se muito pouco, mas as mudanças em mim são grandiosas e ai que está a diferença, eu cresci.
            O meu crescimento me fez perceber que a casa da colina não fica tão longe, a colina nem é tão alta, o carreador não tem quilômetros de distância e a garrafa gigante que na época parecia um prédio de seis andares, nem é tão grande assim, em Itu deve ter algo maior. Papai Noel não existe e sei disso porque sempre me comportei bem e ele nunca mais voltou.
            Quando crescemos percebemos o mundo de outra forma, a maturidade vêm, e aquilo que antes parecia gigante, alto, extenso se torna comum. Tudo depende do nosso crescimento. Nossa visão trabalha diferente, olha diferente, a medida em que alcançamos maturidade as coisas mudam.
            Me lembro do Apóstolo Paulo falando da sua meninice na fé: “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino, raciocinava como menino. Mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino “ (I Co. 13:11).
            Peço ao Senhor que da mesma forma que o meu corpo físico cresceu e hoje vê as coisas de forma diferente, que eu possa crescer ainda mais espiritualmente para que os meus olhos espirituais vejam o mundo de forma diferente, que eles vejam os gigantes diminuindo e que em mim cresça a presença de Deus.

 Escola Rural Municipal Victor Beloti ♥ - Rodovia Maringá/Astorga (15/11/2011)


Por: Elisângela Santana.

5 Comentários

Anônimo disse...

Nossos sentimentos amadurecem da mesma forma com que o tempo passa pra nós...

Elisângela disse...

Verdade Rita. Obrigada por passar por aqui, bjs!!!

António Ja Batalha disse...

Irmã vim fazer uma visita ao seu blog, li algumas coisas, e dou graças a Deus pelo seu empenho em proclamar a bendita Palavra. Quero porém deixar algo mais do que um simples comentário. Quero deixar estas palavras: Que escreva sempre com humildade, de todo o coração, e com muito amor, escreva principalmente as verdades vividas na sua vida, porque eu creio que o seu alvo e o meu é sermos úteis, e atingirmos o coração dos que lêem. Aproveito para fazer um convite. gostaria de te-la como minha amiga virtual na Verdade que Liberta. As minhas saudações em Cristo Jesus.

Elisângela disse...

Obrigada Antonio Batalha, buscarei redigir meus textos atentando para os seus conselhos. Vou procurar aqui o Verdade que Liberta, trocaremos informações e cresceremos juntos. Deus abençoe, obrigada...

Elisângela disse...

Obrigada António Batalha, já estou seguindo o seu blog, vamos compartilhar nossas experiências. Deus abençoe..

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