Ano passado (2010) quando estava me preparando para as férias de verão ( amo a palavra férias) tive que me submeter a um serviço que jamais me imaginei fazer:
Estava lavando a louça e percebi que a água demorava a ir até o esgoto, imaginei que poderia ser algum “corpo estranho” dentro da tubulação, achei estranho, pois uso um ralinho e não jogo restos dentro da pia. Sentia um forte odor de esgoto que me fez ter o seguinte pensamento: Curitiba está parecendo São Paulo, como fede esta cidade... Estava muito quente imaginei que o odor subia das tubulações da rua e na minha concepção o motivo do forte odor era os dias quentes daquele dezembro passado.
Terminei uma das louças e vi que tinha uma embalagem que precisava ser corretamente descartada, como consumo pouco, reutilizo e reciclo o meu lixo, fui até a área para depositar no saco plástico a embalagem reciclável. Foi neste momento que percebi que a caixa de gordura instalada próxima ao tanque estava transbordando, pensei está entupida, vou limpar. Preparei-me, coloquei um lenço improvisado nas narinas, calcei minhas mãos e tirei a tampa, minha expressão? Nojo, muito nojo.
Além de alguns insetos (formigas e baratinhas, estas últimas insuportáveis) tinha um monte de gordura na caixa e descobri que o mau cheiro vinha de lá. Desculpem-me mais eu nunca fiz um curso de limpeza de caixa de gordura e isso não se ensina na escola.
A caixa fora instalada alguns meses depois da minha chegada na casa ( isso ocorreu em 2009) e eu não tinha limpado ainda, aliás, na minha ignorância eu não precisava limpar nada, eu achava que era tudo meio automático, ashaushuahsu (disfarça).
Limpei a caixa, lavei minhas mãos trocentas vezes com sabonete e álcool (embora tivesse usado proteção nas mãos parecia que estavam sujas, aliás, eu toda me sentia suja). Fervi uma caneca de água, joguei água sanitária, detergente e depois a água quente lá dentro. Estava limpa. Fui tomar banho. Terminei meus afazeres bem tarde aquele dia.
Mas você deve estar se perguntando: que lição ela tirou dessa situação?
Eu respondo:
1º - Limpe você mesmo a sua sujeira.
Isso me fez lembrar o pedido de Jesus quando foi para ressuscitar Lázaro. O Mestre ao chegar próximo ao túmulo pediu para que retirassem a pedra, afinal eles mesmo tinham colocado a pedra ali, era função deles retirá-la. Obviamente muitos questionaram o forte odor que poderia exalar de um defunto de 4 dias, mas enfim....retiraram a pedra e o milagre aconteceu. Com certeza Jesus tinha/tem poder para remover pedras, mas as pedras que nós colocamos nós tiramos. A sujeira que nós fazemos nós limpamos. Fazemos a nossa parte e Ele faz a d’Ele.
2º - Sempre faça a manutenção da sua caixa de gordura, pois você poderá ser surpreendido negativamente com toda aquela sujeira acumulada e fétida.
Gosto muito do Provérbio que diz: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (4:23).
Pelo o que eu entendo em alguns trechos da Bíblia, quando cita a palavra Coração, não está se referindo literalmente ao órgão mor da nossa vitalidade e sim a nossa alma (região dos sentimentos/emoções).
Tem outra versão que gosto muito que diz que do “ coração procedem as fontes da vida”. Gosto da palavra fonte pois ela me lembra um fluxo contínuo de água pura e cristalina que leva vida por onde passa, transformando tudo ao seu redor.
Um coração/alma limpa tende a demonstrar a Vida de Deus inserida em seu ser.
Já uma alma “engordurada” pela dor, pecado, tende a se enclausurar cada vez mais impedindo assim o agir de Deus e a manifestação da sua Glória e Amor.
Neste caso é sempre bom parar para avaliar o coração, ver o que está faltando o que precisa ser limpo, tratado, curado..
Não estou aqui comparando o nosso ser com uma caixa de gordura, mas se eu tenho que ser zelosa com os meus afazeres, por que não o ser com o meu Ser Interior?
“... a boca fala do que está cheio o coração” (Lc6:45).